Descobri que tenho um “escrevômetro” e que ele regula com o meu humor. Hoje estou triste, sem vontade ou idéias pra escrever.
Pedro Augusto – o neurônio alone – tá encolhido lá no cantinho, pode ser o frio…Pode ser de solidão. A única coisa que falou o dia inteiro é que queria ser um dos mineiros do Chile pra ser resgatado. Me deu pena…
Gente brincalhona e bem humorada como eu sofre , perde o direito de não estar bem. Todo mundo espera uma piada, uma brincadeira, um sorriso largo 100% do tempo. Mas tem dia que não dá…
Talvez seja o cansaço acumulado, a falta de férias, as preocupações com trabalho, filhas, amigas, família, contas… Pode ser falta de amor também. Não amor de filhas, esse (o maior do mundo), tenho de sobra. É que às vezes a gente quer ser “filha” novamente, quer colo.
Pode ser também falta de amor dos amantes, dos apaixonados… Quero ser cortejada , bajulada, dormir de conchinha, falar bobagem a noite toda, rir alto, falar baixinho no ouvido… namorar.
Pode ser também só a falta de um e-mail ou um telefonema carinhoso falando que vai ficar tudo bem, que vai dar tudo certo.
O mais provável é que seja, como o disco dos Titãs, ” tudo ao mesmo tempo agora”.
Dessa história toda só tenho certeza de uma coisa, hoje o “machão” que criei pra me salvar de roubadas, trocar pneu, lâmpadas, carregar as compras, negociar com os mais duros clientes, trabalhar que nem um jumento – às vezes até nos finais de semana pra complementar a renda- saiu pra passear.
Deve ter ido tomar uma cerveja com os amigos. Ele merece, afinal de contas, sustentar e ser responsável por duas crianças não é mole. Não mesmo.
Aí a solidão aproveitou o espaço vazio e deixou o Pedro assim, caladinho. Nem me xingar ele quer… mal sinal. E eu, bem, eu mulherzinha total…
Tanto, mas tanto que se eu pegasse a filha-da-mãe, quer dizer, a boba, feia e chata da feminista que queimou os sutiãs acabaria com a raça dela. Sem socos ou pontapés, só no puxão de cabelo, tapa, beliscão, unhada e mordida.
Daqui a pouco passa, sempre passa… Não tenho outra alternativa.
E aí sento (quer de dizer, me levanto) e escrevo.
🙂
Laura Barreto